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Moody’s dá nota de investimento especulativo à dívida de Angola

24.10.15, Planeta Cultural
A agência de notação financeira Moody's emitiu hoje uma nota provisória Ba2, abaixo da recomendação de investimento, à emissão de até 1,5 mil milhões de dólares de títulos de dívida pública em moeda estrangeira que Angola vai lançar.
"A Moody's emitiu hoje um 'rating' provisório de longo prazo à futura emissão de dívida ('eurobond') que vai ser lançada pelo Governo de Angola, em linha com o 'rating' de Ba2 do país", lê-se numa nota divulgada aos investidores.
 
O 'rating' provisório "está baseado no esboço de prospecto preliminar datado de 19 de Outubro", acrescenta a agência, notando que uma nota de avaliação definitiva só será emitida "depois de recepção da documentação final".Na explicação da atribuição deste 'rating', que fica abaixo da recomendação de investimento que é dada também à dívida soberana de Angola, a Moody's argumenta que "o 'rating' provisório está alinhado com o 'rating' do emissor, que por sua vez reflecte a capacidade institucional limitada do país e a sua vulnerabilidade à volatilidade dos preços do petróleo, mas que é apoiada por uma perspectiva de crescimento robusto a médio prazo".
 
Na explicação sobre o que levou à atribuição deste 'rating', a Moody's anuncia uma ligeira revisão em baixa da previsão de crescimento da economia angolana, de 4,1% para 4% este ano, e uma aceleração para 4,7% no próximo ano.
 
"Angola está a lidar com um choque petrolífero na sua economia dependente do petróleo", diz a Moody's, notando que o país "está mais bem preparado do que estava em 2009, e as suas respostas políticas foram mais rápidas e abrangentes num esforço para prevenir as almofadas orçamentais de que dispõe e preveniu uma perda de competitividade".
 
Ainda assim, "a posição externa deteriorou-se significativamente, e a posição fiscal e as perspectivas de crescimento pioraram a curto prazo, o que está reflectido na Perspectiva de Evolução Negativa do 'rating' do emissor".
 
As autoridades do Ministério das Finanças vão começar na segunda-feira as reuniões nos Estados Unidos e na Europa para o lançamento da primeira emissão de 'eurobonds', até 1,5 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros).
 
De acordo com a agência Bloomberg, as reuniões começam na segunda-feira, num 'road-show' que está a ser preparado pelo Deutsche Bank, Goldman Sachs e pelo Bank of China, com o objectivo de angariar até 1,5 mil milhões de dólares nos mercados internacionais.
 
Na quinta-feira, a Lusa já tinha noticiado que Angola avançou na bolsa de Londres com uma operação inédita de emissão de títulos de dívida soberana no mercado financeiro internacional, em moeda estrangeira, para captar até 1,5 mil milhões de dólares.
 
De acordo com informação divulgada pelo Ministério das Finanças, esta operação, na forma de ’eurobonds' - uma emissão de títulos de dívida pública em moeda diferente daquela usada no país do emissor -, surge ao abrigo da política de gestão de finanças públicas do executivo angolano, no âmbito do "programa de desenvolvimento económico e financeiro de longo prazo".
 
A mesma informação, a que a Lusa teve acesso, justifica que esta operação "coroa os esforços iniciados em 2011”, quando o recurso às fontes de financiamento tradicionais, como bilateral, comercial e linhas de crédito, "mostrava já alguma concentração", algo que “não é recomendável” do ponto de vista da gestão dos riscos e dos custos associados.
 
 
A situação, por "aumentar a exposição do país a um determinado financiador", levou o Governo a procurar "fontes de financiamento alternativas". Este processo - o lançamento chegou a ser anunciado para Setembro, mas ficou suspenso devido às condições de mercado - foi conduzido, através de uma carta-mandato emitida pelo presidente angolano, José Eduardo dos Santos, conforme a Lusa noticiou anteriormente, pelos bancos Goldman Sachs International, Deutsche Bank e Industrial and Commercial Bank of China (ICBC), que actuaram como "agentes em representação da República de Angola nas emissões soberanas que o país hoje realiza".
 
 

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