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Planeta Cultural

Acima de tudo, cultura geral

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«GTA» é tão bom para o seu cérebro quanto exercícios de lógica

06.10.15, Planeta Cultural

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 Atenção, gamers: investigadores acreditam que jogos de acção como «Call of Duty» são tão benéficos para o cérebro quanto os jogos de lógica - mas só se jogados com parcimónia.

 

Num estudo publicado na revista acadêmica Policy Insights from the Behavioral and Brain Sciences, estudiosos defendem que, em alguns casos, os jogos de acção - assim como de outros géneros - podem ter um maior impacto positivo sobre a capacidade cognitiva do que os «exercícios cerebrais» criados para esse propósito. No texto do estudo, os autores afirmam que cabe às autoridades fazer decisões mais sensatas em relação às recomendações de consumo de certos tipos de jogos.

 

«A mensagem principal é que existem várias pesquisas que comprovam que tanto jogos de acção quanto de lógica afectam os nossos processos cognitivos de forma benéfica», segundo Aaron Seitz, co-autor do artigo e professor de psicologia na Universidade da Califórnia, nos EUA.

 

«Em vez de afirmar que os videojogos fazem mal e limitar o tempo que passamos a usá-los, é preciso analisar os seus benefícios e desvantagens, de forma que possamos criar políticas mais completas», acrescentou.

 

No artigo, os pesquisadores citam um caso julgado no Supremo Tribunal dos EUA em 2011, no qual os juízes discutiram se os jogos mais «explicitamente violentos» ameaçavam o desenvolvimento psicológico-social de uma criança a ponto de «justificar restrições legais para a sua venda».

 

Seitz, no entanto, cita pesquisas que afirmam que alguns desses jogos, como «Grand Theft Auto V» e «Wolfenstein: The New Order», assim como jogos de outros géneros como «StarCraft», «Portal 2» e «Rise of Nations» podem ajudar a melhorar a atenção, a percepção básica e a capacidade de fazer escolhas.

 

«É claro que se passar dez horas a jogar, isso irá fazer mal. Mas pesquisas mostram que se jogar uma hora todos os dias, é possível notar alguns ganhos cognitivos», disse Seitz. «Esses jogos desafiam-nos: é preciso responder a estímulos muito subtis que surgem no nosso campo de visão muito rapidamente. É preciso fazer várias coisas ao mesmo tempo - resumindo, esses jogos são como exercitar certos sistemas cerebrais.»

 

Essa exercitação cerebral pode também ser vantajosa para aqueles profissionais que precisam de desenvolver uma coordenação motora mais aguçada.

 

«Foi comprovado que, no caso de cirurgiões especialistas em laparoscopias (uma cirurgia minimamente invasiva), aqueles que jogam são mais hábeis na sutura do que aqueles que passam por anos de treino tradicional. Resumindo, ensinar cirurgiões especialistas em laparascopia a jogar pode ajudá-los nas cirurgias», disse Seitz.

 

No final, os cientistas defendem que os videojogos são como os alimentos: cada tipo de jogo tem um efeito diferente nos nossos corpos e o resultado depende também da quantidade.

 

 

Seitz afirma que todos, sejam investigadores, pais, gamers ou autoridades, precisam de prestar atenção às "doses" adequadas para cada jogo.

 

«É preciso fazer com que os cientistas que criam essas recomendações conheçam os benefícios dos jogos e entendam como estes podem ser utilizados pela sociedade em vez de apenas concluir que, se o jogo tem alguma característica ofensiva, é automaticamente dispensável», disse o pesquisador.

 

 

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