Juros da dívida portuguesa sofreram maior subida semanal desde Maio
Aprovação do Orçamento não foi suficiente para acalmar os investidores, que continuam a colocar uma forte pressão na dívida pública portuguesa.
Os juros da dívida portuguesa a 10 anos terminaram a semana nos 6,49%, um acréscimo de 54 pontos base face ao registado na última sexta-feira, altura que não era ainda certo que o Orçamento do Estado iria ser aprovado.
Esta subida semanal foi a mais acentuada desde a primeira semana de Maio, período em que a “yield” das obrigações do tesouro a 10 anos saltaram114 pontos base para 6,28%.
A semana que hoje terminou fica marcada por um novo recorde nos juros que os investidores exigem para comprar dívida portuguesa, com a “yield” das OT a 10 anos a tocarem ontem nos 6,65%.
Hoje registou-se um alívio, com os juros a recuarem 11 pontos base para 6,49%, mas o preço que os investidores estão está próximo do nível a que Teixeira dos Santos considerou ser provável Portugal ter que recorrer ao fundo de emergência da União Europeia e ao FMI para se financiar.
Se nas últimas semanas os investidores tinham mostrado preocupação sobre a possibilidade de Portugal não ter um orçamento aprovado, o acordo firmado no fim-de-semana entre o Governo e o PSD, bem como a votação favorável na quarta-feira, não foi suficiente para retirar Portugal do radar dos mercados.
A situação da Irlanda - que esta semana apresentou o seu Orçamento – não ajudou, mas foi o facto de poderem ser chamados a pagar a “factura”, se um país recorrer ao fundo de emergência da União Europeia, que mais assustou os investidores.
O Conselho Europeu discutiu na última semana a possibilidade, defendida sobretudo pela Alemanha, de os investidores em obrigações soberanas terem de assumir perdas cada um país recorra ao fundo de emergência europeu.
Esta possibilidade levou os investidores a exigirem um maior prémio de risco para comprarem dívida pública dos países periféricos da Europa, o que penalizou sobretudo os juros da dívida de Portugal e Grécia.
Na Irlanda os juros sofreram uma forte alta nesta semana, atingindo também recordes próximos dos 8% na dívida a dez anos.
O “spread” da dívida portuguesa face às “bunds” – mede o prémio extra que os investidores exigem para comprar OT em detrimento de dívida alemã – situa-se hoje nos 408 pontos base, ainda algo distante do recorde de 440 pontos base fixado no final de Setembro
Na Irlanda a “yield” da dívida a 10 anos desceu hoje para 7,62%, com o “spread” face à dívida alemã a situar-se nos 520 pontos base.
Fonte: Jornal de Negócios