Só uma catástrofe pode roubar hoje a vitória a Dilma
As sondagens dão à trabalhista Dilma uma folga de 12 a 14 pontos sobre o conservador Serra. Os brasileiros já estão a votar.
Cerca de 136 milhões de eleitores brasileiros escolhem hoje o novo Presidente da República, entre José Serra, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e a candidata do Partido dos Trabalhadores (PT), Dilma Rousseff., As urnas abriram às 10 horas (de Lisboa).
Nas duas últimas sondagens antes da eleição, Dilma aparece entre 14 pontos (57/43, segundo o IBOPE) e 12 pontos (56/44, para o Datafolha) à frente de José Serra
Porém, a equipa de Serra mantém o sonho vivo, lembrado a falência das sondagens na primeira volta e evocando cálculos internos que indicam uma diferença de apenas 5,5% entre os candidatos. Ele que tinha a reeleição como governador de São Paulo garantida mas quis voar mais alto. Se perder hoje perde tudo e não lhe resta alternativa a não ser uma revisão da matéria dada.
Para Dilma esta é a primeira eleição a que se sujeita e tem aí um grande calcanhar de Aquiles, que vem à tona com a incapacidade de articular um discurso escorreito. Vale o facto de ter sido a escolha pessoal do Presidente Lula que conta hoje uma aprovação recorde de 80% da população brasileira e que deixa o caminho limpo para a reputada gestora, na área da energia poder brilhar, e colher os frutos da bonança que vive o Brasil - com taxa de crescimento superior a 7% este ano.
Depois de uma campanha amena na primeira volta (onde Dilma obteve 47% e Serra 32%), o tom azedou na recta final da campanha com a candidata a enfrentar os rumores de que seria, como o seu partido, favorável à legalização do aborto, prometendo agora não julgar as mulheres que fizessem aborto mas não mudar a lei. Numa altura em que o assunto parecia enterrado, até porque antigas alunas da mulher de Serra revelam que também ela terá feito um aborto, eis que o Papa desenterra o assunto.
Dirigindo-se a bispos do Maranhão, o Papa Bento XVI disse que "quando os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas". Se não fosse já evidente o seu objectivo, concretizou ainda os casos em que os bispos se deviam mobilizar: "Quando os projectos políticos contemplam aberta ou veladamente a descriminalização do aborto", como é o caso do PT.
Coincidência ou não, a dois dias da eleição, a Associação Nacional do Petróleo preparava na sexta-feira o anúncio da descoberta de uma mega camada de petróleo na reserva do Poço Libra na Bacia de Santos, maior que a do Tupi a que Lula se refere como "bênção de Deus". Propaganda eleitoral? Sérgio Gabrielli, presidente da estatal Petrobrás, responde: "O mundo não pára por conta das eleições".
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