Crise grega provoca razia nas acções da banca europeia
A banca europeia foi hoje fortemente castigada pelos receios de contágio da crise na Grécia a outros países da Zona Euro e os efeitos nos seus balanços. Entre os 55 maiores bancos europeus, todos fecharam no vermelho, sendo que 49 depreciaram mais de 3%. Os bancos ibéricos estão entre os mais penalizados.
O Stoxx 600 Banks, composto por 55 cotadas, sofreu hoje uma queda de 4,99% para mínimos de finais de Fevereiro, numa sessão marcada pela especulação que a crise da Grécia vai contagiar outros países da Zona Euro.
Espanha está agora no centro das atenções dos investidores, que penalizaram fortemente a bolsa de Madrid. O Ibex recuou mais de 5% para mínimos de Julho, no dia em que o jornal Francês Le Fígaro citou analistas que calculam em 280 mil milhões de euros o pacote de ajuda financeira que Espanha necessitará se, tal como a Grécia, for alvo de um resgate da União Europeia.
O primeiro-ministro espanhol José Luís Zapatero classificou este cenário de “completa loucura”, o que não serviu para refrear a pressão dos investidores. Os bancos espanhóis foram dos mais penalizados na Europa, com o Santander a cair 7,08% e o BBVA a descer 7,59%.
Os bancos gregos – a bolsa de Atenas fechou a perder mais de 7% - protagonizaram as maiores quedas, com o National Bank of Greece a descer 12,71%, o Alpha Bank a cair 11,17% e o Piraeus a descer 10,57%.
Mas os bancos italianos (o Unicredit caiu 7,45% e o Intesa baixou 7,21%), britânicos (o LLoyds cedeu 7,39% e o RBS caiu 6,62%) e franceses (o BNP Paribas caiu 6,12% e o Credit Agricole desvalorizou 5,97%) não escaparam à razia.
Em Lisboa o Banco Comercial Português caiu 6,19% (16ª pior prestação na Europa) e o Banco Espírito Santo desceu 4,57%, apesar de ontem ter apresentado resultados considerados positivos pelos analistas.
“Parece que ninguém quer ter acções de bancos do sul da Europa”, afirmou à Bloomberg um gestor de fundos dum banco alemão. Entre os 55 bancos que compõem o Stoxx 600 Banks, todos fecharam em queda, apenas um desceu menos de 1% e 49 caíram mais de 3%.
A tensão de hoje nos mercados foi acentuada pelas declarações do líder parlamentar do partido de Ângela Merkel. Volker Kauder apelou hoje à possibilidade de uma “insolvência ordeira” de alguns Estados europeus como “consequência” da crise grega. A Comissão Europeia deveria analisar melhor as finanças dos Estados-membros, de modo a evitar o tipo de aumento do défice orçamental a que se assistiu na Grécia, defendeu Kauder numa conferência de imprensa hoje em Berlim, citado pela Bloomberg.
Fonte: Jornal de Negócios