Nova teoria tenta explicar surgimento de super-novas rápidas
Pesquisadores chineses elaboraram uma nova teoria sobre como algumas estrelas podem se transformar em super-novas em um período muito menor do que o normal.
A teoria existente explicava porque super-novas se formam em 100 milhões de anos, mas não esclarecia porque algumas super-novas - as do tipo 1a - surgem muito mais rápido.
O segredo, segundo os pesquisadores, é que as estrelas anãs brancas sugam massa de "estrelas de hélio" até possuírem massa o suficiente para virarem uma super-nova. A pesquisa foi publicada no periódico Monthly Notices da Royal Astronomical Society.
Teoria anterior
As estrelas anãs brancas são "sobras" de estrelas como o Sol, em que o hidrogénio se transforma em hélio e depois o hélio vira carbono e oxigénio. A teoria anterior afirmava que as estrelas anãs brancas feitas a partir de carbono e oxigénio conseguiam acumular a massa de uma outra estrela na sua proximidade, chamada de "estrela companheira". Ao atingir um determinado tamanho (cerca de 40% do Sol), as duas estrelas - a anã branca e a companheira - passam por uma fusão.
Em poucos segundos, o carbono das estrelas se transforma em elementos mais pesados, em um processo que libera quantidades gigantescas de energia. Esse processo é chamado de super-nova. Como esse processo acontece com uma quantidade constante de claridade, os astrónomos usam super-novas para determinar distâncias no espaço.
Teoria nova
A teoria anterior estabelecia que esse processo de acumulação de massa duraria até 100 milhões de anos. No entanto, ela não servia para explicar as super-novas do tipo 1a, que podem acontecer em até metade deste tempo.
O astrónomo chinês Bo Wang, do Observatório Nacional da Academia Chinesa de Ciências, investigou o fenómeno com cálculos que envolveram cerca de 2,6 mil pares de estrelas anãs brancas e estrelas companheiras.
A equipa de Wang descobriu que se a estrela companheira é uma "estrela de hélio", a estrela anã consegue sugar sua massa mais rapidamente, criando uma super-nova em menos de 100 milhões de anos. "Antes desta investigação, não havia modelo para explicar o surgimento de uma população tão jovem de super-novas do tipo 1a, e nenhum conhecimento de como isso acontecia em tantos números", disse um dos autores do estudo, Xuefei Chen, à BBC.
Chen disse que a sugação de massa de estrelas de hélio produz a maioria das super-novas do tipo 1a observadas, mas não todas. Mas ele diz que a descoberta pode ter impacto nos estudos sobre evolução química das galáxias e sobre distâncias cosmológicas.
A equipa pretende estudar agora o surgimento em "alta velocidade" de estrelas de hélio, que seriam sobras das super-novas do tipo 1a.
Fonte:BBC Brasil