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Planeta Cultural

Acima de tudo, cultura geral

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Canários de cor

24.03.09, Planeta Cultural

O canário selvagem é verde raiado de preto ou castanho. As penas da cabeça, dorso e lados têm veios escuros. As penas das asas e cauda são escuras. As cores escuras provêm de duas substâncias corantes chamadas melaninas, que estão armazenadas nas células das penas sob a forma de grãos. Onde estes grãos estão mais juntos, as penas são mais escuras, e mais claras quando estão menos juntos.

 

Os tons pretos são dados por pequenos grãos castanhos – escuros ou pretos, que se chamam eumelaninas. Os tons castanhos provêm de grãos castanho chocolate ou castanho-amarelado, que se chamam phaeomelaninas. Comparativamente ao pássaro domesticado, o canário selvagem tem igualmente riscas ao longo do corpo, pretas-acinzentadas e acastanhadas. Nos canários selvagens é mais notória a diferença de sexos. As cores dos canários são definidas, pois, por dois grupos de cores:

 

As "cores lipocrómicas",

 

As "cores melánicas"

 

As "cores lipocrómicas " devem-se às carotenóides que aparecem nas plantas verdes. Os pássaros absorvem estas substâncias na alimentação e o organismo transforma-as em "cores lipocrómicas", que são levadas pelo sangue para as penas. Isto acontece apenas no período da mudança de penas, por isso é particularmente importante que neste período as aves comam vegetais, para poderem adquirir uma bonita e boa cor, principalmente nos canários de factores amarelo e vermelho. Quando a mudança das penas está passada, a alimentação deixa de ter influência nas substâncias lipocrómicas.

 

A substância lipocrómica (cor - base) é amarela no canário verde. Uma mutação faz com que a substância lipocrómica se torne numa cor - base branca, da qual os canários acinzentados (antes considerados azuis), assim como brancos ou em parte brancos, provêm.

 

A mesma mutação, que permitiu a cor – base amarela transformar-se em branca, pode ser transferida, através de cruzamentos, para outras mutações, dando canários castanhos, ágata e isabel. Uma terceira cor é a vermelha, mas ao contrário do que acontece com a branca, não é conseguida através de mutação, mas por cruzamento com uma outra espécie, cardeal vermelho – Spinus cucullatus – da Colômbia e Venezuela. A finalidade deste cruzamento era obter um canário vermelho, o que até certo ponto foi conseguido. As cores escuras, ou cores melánicas, têm influencia não só no padrão (riscas), nomeadamente das penas das asas e da cauda, mas também na cor – base. Ao contrário do que acontece com as cores chamadas lipocrómicas, a alimentação não exerce nenhuma influência sobre as cores melánicas. O branco da cauda, assim como partículas amarelas nas penas menores, aparecem através de mutações. A escolha destes pássaros coloridos permite o aparecimento dos canários matizados de amarelo e amarelos lisos. Nos canários coloridos, as melaninas não se espalham regularmente por toda a plumagem, mas parece que preferem partes definidas: cabeça, à volta dos olhos, peito, lados, dorso, pescoço e penas exteriores da cauda. No interior da sua plumagem existem muitas variações que vão desde o verde com uma ou apenas algumas penas de cor clara até ao amarelo liso com apenas algumas penas escuras.

 

Existe ainda um factor muito raro – factor óptico "azul" – que tem influência nas células das penas. Ele transforma a cor amarela em amarelo – limão, com um brilho esverdeado, cinzento – ardósia para azul metálico, e faz com que os pássaros vermelhos tenham uma cor mais intensa. Dentro da cor amarela, podem-se constatar dois matizes diferentes, provocados por diferentes estruturas de penas. Um deles é amarelo – vivo, e outro amarelo -claro. Actualmente estas diferenças chamam-se respectivamente intensa e nevada. Os pássaros de cor intensa são aparentemente menores e elegantes, o que se deve ao facto da plumagem ser mais fina e menos cerrada do que nos pássaros de cor nevada. Nestes, as penas são largas e a cor – base não chega a atingir os rebordos das penas. Nos pássaros de factores amarelo e vermelho, os rebordos das penas são brancos, o que faz a plumagem parecer salpicada de geada. Por isso, é comum chamarem-se, em inglês, "frosted". Esta estrutura de penas, também se encontra em todas as outras cores, mas é mais visível nos pássaros de cor – base amarela ou vermelha. Nos pássaros nevados de cor verde, os rebordos das penas são cinzentos. Nos de cor – base branca, é mais difícil separar intensos e nevados.

 

Uma terceira cor "lipocrómicas", chamada "mosaico", aparece com mais realce nos pássaros de factor amarelo ou vermelho. Nos pássaros – "mosaico", a plumagem é amarela/vermelha – esbranquiçada, mas com uma base amarela/vermelha mais intensa no ângulo dos olhos, no peito, nos ombros e no uropígio. Esta cor aparece em maior expressão nos machos e devem ter sido herdados do canário selvagem vendilhão – capuchinho, onde, exactamente nas fêmeas, as partes mencionadas acima têm uma cor mais profunda e intensa. O padrão "mosaico" também se pode encontrar noutras cores, não sendo porém tão evidente.