Ricardo Salgado: "Vou lutar pela honra e dignidade, minha e da minha família"
Num encontro com o Diário Económico, o antigo líder do BES fala da vontade de limpar o seu nome, mas deixa por responder, por motivos legais, as questões mais quentes sobre o banco.
Um mês depois de ter deixado a presidência do Banco Espírito Santo, no dia 13 de Julho, Ricardo Salgado, fala pela primeira vez com um jornalista. É um homem sereno que surge no hall do Hotel Palácio do Estoril. Avisa que só pode falar de si próprio e, mesmo assim, pouco.
Este é o homem que liderou a mais prestigiada dinastia financeira em Portugal. O homem que estava ao leme do banco que, com estrondo, faliu. O homem que é suspeito de ter sido responsável por práticas ilegais que ocultaram perdas, perdas que cresceram quase dois mil milhões de euros quando já estava de saída da administração. O homem que foi detido em público, e sobre cuja cabeça pende a responsabilidade - a apurar nos tribunais - de ter gerado milhões de euros de perdas aos accionistas e outros investidores. O homem que, bajulado e temido durante décadas, é agora apontado como um criminoso.
Sobre tudo isto, Ricardo Salgado remete quaisquer declarações para depois de serem conhecidas as conclusões do relatório da auditoria forense às contas do BES, que está a ser feita pela PwC e pelo Banco de Portugal. Mas é visível uma determinação que se traduz na frase: "Vou lutar pela honra e dignidade, minha e da minha família".
A família que, salvo os choques conhecidos com José Maria Ricciardi, sempre o apoiou mas que agora deve nutrir sentimentos bem díspares pelo antigo líder do banco e do grupo Espírito Santo, por força da perda de valor dos activos e do congelamento das contas bancárias. O que, em sua opinião, provocou esta crise e a liquidação do banco é algo de que promete falar no momento em que for possível fazer uma análise serena e objectiva.
Os accionistas que acreditaram em Ricardo Salgado e no Grupo Espírito Santo são, naturalmente, um dos temas abordados, até porque perderam tudo, especialmente os que acorreram ao recente aumento de capital. A resposta fica-lhe atravessada na garganta, fruto de uma prudência também jurídica. Por razões legais, não pode falar, mas dá a entender que essa é uma das principais preocupações que o acompanha. É um homem de compromissos, defende, e, se puder, vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para recuperar essa confiança e esses investimentos. E não se considera responsável pela queda do banco.
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