Jerónimo aconselha PS a aprender a ganhar eleições com o PCP
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, deixou um recado aos partidos "com problemas internos", numa alusão ao PS, para que aprendam com o PCP a ganhar eleições, em vez de se refugiarem em alterações à lei eleitoral.
"Alguns que andam aí, com problemas internos, com problemas críticos em relação aos seus partidos, recorrem ao argumento de que é preciso alterar a lei eleitoral, que é preciso aproximar os eleitores dos eleitos: Aprendam com a CDU. Aprendam com o PCP", disse o dirigente comunista, no encerramento da Festa da Amizade, que decorreu na Cova da Piedade (Almada), destacando o "assinalável avanço eleitoral da CDU" nas eleições europeias.
Jerónimo de Sousa falava um dia depois do secretário-geral do PS, António José Seguro, dizer que vai propor na Assembleia da República, até 15 de Setembro, uma nova lei eleitoral para o parlamento, com redução do número de deputados para 180 (actualmente são 230) e a possibilidade do eleitor escolher o seu deputado, através do duplo voto, ou da criação de círculos de um só deputado.
"Vejam este colectivo partidário, este espaço que é a CDU, que contou com milhares e milhares de comunistas, de ecologistas, de muitos independentes, democratas que se revêm neste espaço da CDU, que foram autênticos candidatos, demonstrando assim que o problema não está na lei, o problema está na forma como os outros agem junto dos eleitores, junto das massas populares", desafiou.
Em contraste com o avanço da CDU, que passou de 10,7% dos votos para 12,7% e aumentou o número de mandatos para três, Jerónimo de Sousa focou também o "revés" dos partidos da 'troika' (PS, PSD e CDS) e da sua política, "claramente condenada nas urnas", o que foi atestado "pela redução da expressão eleitoral dos três partidos" que viram a sua votação reduzir-se de 66% em 2009 para 59,1% em 2014, perdendo mais de 400 mil votos.
O secretário-geral do PCP insistiu na ideia de que o Governo está "contra a Constituição", ao "confrontar" o Tribunal Constitucional e a Constituição pela oitava vez, e lembrou que o Presidente da República não pode esquecer que perante os portugueses "jurou cumprir e fazer cumprir" a Constituição da República Portuguesa.
O Tribunal Constitucional chumbou na sexta-feira três normas do Orçamento do Estado para 2014, incluindo os cortes dos salários dos funcionários públicos a partir dos 675 euros, mas a decisão não tem efeitos retroactivos. Os juízes do Palácio Ratton consideraram ainda inconstitucional a aplicação de taxas sobre os subsídios de doença (5%) e de desemprego (6%) e o cálculo das pensões de sobrevivência.
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