Proprietário da Livraria Lello admite cobrar entradas
O proprietário da Livraria Lello admitiu hoje a possibilidade de vir a cobrar entrada aos milhares de visitantes para "pagar o desgaste" do espaço, contribuindo já com dois euros os turistas organizados em grupos, recebendo um marcador de livros.
O jornalista Filipe Santos Costa conta que tentou ir à Livraria Lello e que lhe quiseram cobrar um bilhete à entrada de dois euros, denunciando que a cobrança lhe parece "manifestamente ilegal" já que "o estabelecimento não tem à entrada a reserva do direito de admissão e não exibe qualquer licença para cobrar bilhetes".
Em declarações à agência Lusa à porta da Livraria Lello, Antero Braga garantiu que pessoas sozinhas não pagam para entrar, sendo o pagamento de dois euros apenas para grupos de turistas organizados, que "recebem um marcador como recordação da empresa, ao preço de custo deles".
O proprietário disse ser "muito provável" que um dia passe a estender o pagamento ao público em geral porque "a cultura não pode ser sinónimo de pobreza".
"Antes uma casa que cobra à entrada que uma casa fechada, o que não é o caso. É um estudo que tem que se pensar porque alguém tem que pagar o desgaste desta casa", explicou.
Contactado pela agência Lusa, Filipe Santos Costa garante não ser "verdade que só cobra a grupos organizados" porque lhe tentaram cobrar quando estava apenas acompanhado pela mulher e pelo filho", como relata no blogue Elevador da Bica.
Antero Braga salientou ainda que esta é uma "empresa privada e pública", explicando que a centenária Lello tem "um desgaste enorme em prol da cultura e divulgação da cultura portuguesa", recordando que "é a mais bela livraria de raiz do mundo e a terceira melhor do mundo".
"Esta livraria não se pode dar ao luxo de substituir o senhor Estado em termos de divulgação dos autores, da cultura portuguesa. Eu não ganho nada porque ninguém dá nada a esta casa e eu sou um dos proprietários", garantiu.
Segundo o responsável, "mais de duas mil pessoas por dia passam aqui na livraria", afirmando que "ninguém vai pagar aquilo" que está a fazer.
"Se não fosse esta casa, a Prólogo -- antiga Lello -- provavelmente a minha querida amiga não me estaria a fazer esta pergunta", lamentou.
Para Antero Braga "cultura é o que faz os pobres mais ricos e portanto os agentes culturais não têm que pagar" mas sim "trabalhar de forma a manter a cultura viva para que o seu país, a sua economia, possa ser diferente".
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