Goldman Sachs sobe avaliação dos bancos portugueses em mais de 20%
BPI foi o que mais beneficiou com a revisão em alta e o BES é o que apresenta o maior potencial de valorização. Goldman Sachs esteve em Portugal e, depois de falar com os bancos, reguladores e a troika, diz que 2013 ainda vai ser um ano difícil para o sector, embora a actividade internacional dê sinais de optimismo.
O Goldman Sachs reviu em alta a avaliação das acções dos três maiores bancos cotados portugueses, num estudo onde também aponta previsões mais optimistas para a banca europeia.
O preço-alvo do BCP subiu 25%, de 0,08 para 0,10 euros, a avaliação do BES aumentou 20%, de 1,00 para 1,20 euros e a do BPI avançou 35%, de 1,00 para 1,35 euros. Apesar das melhorias, o Goldman Sachs mantém a recomendação dos três bancos em “neutral”, sendo que o BES é o que apresenta o maior potencial de subida (8%, tendo em conta cotações de sexta-feira).
Numa nota de “research” para a banca europeia, a que o Negócios teve acesso, o banco de investimento norte-americano salienta que os custos de financiamento mais baixos desencadearam um contágio positivo entre os bancos europeus. E as duas maiores implicações passam por baixar os custos de capital para os bancos e levar os investidores a olharem com outros olhos para o sector, que apresenta agora um menor risco.
Esta descida do custo de capital é mesmo uma das razões que o Goldman Sach cita para elevar a avaliação dos bancos portugueses, num relatório onde não faz distinção entre as três instituições portuguesas.
A revisão das estimativas de resultados devido a novas previsões para a margem financeira e a qualidade dos activos, bem como a introdução de estimativas para 2015, são as outras razões citadas pelo Goldman para elevar as avaliações das acções dos bancos portugueses.
No mesmo research com data de hoje, o Goldman identifica os principais riscos para as actuais recomendações para a banca portuguesa: desenvolvimentos acima ou abaixo do previsto na economia portuguesa; risco político nos países africanos onde estão presentes; decisões regulatórias que obriguem ao reconhecimento de perdas.
2013 vai ser "difícil"
Num outro relatório, com data de 23 de Janeiro e exclusivo para a banca portuguesa, o Goldman Sachs adverte que este ano voltará a ser difícil para o sector na frente operacional. “A desalavancagem em curso em conjunto com a persistente pressão na margem financeira vai, na nossa perspectiva, continuar a provocar uma forte pressão” nas receitas dos bancos.
Além disso, “a qualidade dos activos deverá continuar a deteriorar-se ainda mais”, já que as imparidades no crédito só devem atingir o pico entre 2013 e 2014, refere o Goldman Sachs, que para fazer este estudo fez uma visita a Portugal, onde se encontrou com os bancos, os reguladores e os representantes do FMI no País.
Mas o Goldman também retira notas positivas da actualização que fez à banca portuguesa. Os limites às taxas de juros dos depósitos que o Banco de Portugal impôs representam algum alívio na margem financeira e as iniciativas tomadas pelos bancos para cortarem custos operacionais parecem estar a dar resultado.
Da visita a Portugal, o Goldman concluiu que a presença do Estado no capital dos bancos deverá permanecer “pouco intrusiva, pelo menos por agora” e que os bancos pretendem reembolsar o Estado de forma antecipada.
Outra nota positiva diz respeito às operações internacionais, que “largamente em contraciclo com a actividade doméstica” deverão, segundo os bancos, apresentar uma prestação “robusta”.
Quanto aos resultados do quarto trimestre, o Goldman Sachs espera uma tendência mista, com as receitas a estabilizarem e um forte aumento nas imparidades.
As acções do BPI fecharam a subir 0,31% para 1,288 euros, as acções do BCP avançaram 0,9% para 0,111 euros e as dos BES terminaram a cair 1,16% para 1,103 euros.
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