Se a Grécia sair de forma desordenada da união monetária, as acções europeias podem cair para metade, prevê o Societe Generale.
Os lucros das empresas da zona euro podem cair entre 20 a 30% e os juros das obrigações podem sofrer um agravamento de até 200 pontos base. As previsões são de Claudia Panseri, responsável pelas acções do Societe Generale, que recomenda os títulos das farmacêuticas num cenário de maior stress, e desaconselha, sem surpresa, as acções das financeiras.
Numa nota de análise citada pela CNBC, a especialista prevê que o Euro Stoxx 50, índice que reúne as 50 principais empresas da zona euro, poderá cair para metade do seu valor actual num cenário de saída desordenada da Grécia que provoque uma quebra nos resultados empresariais da região durante dois anos, um agravamento dos juros dos títulos de dívida soberana e um aumento do prémio de risco das acções. Só este ano, o Euro Stoxx 50 perde mais de 7%, estando perto de mínimos de seis meses. Se recuarmos até ao início da crise de dívida europeia, em meados de 2008, as perdas agravam-se para 36%.
Panseri refere que com o abandono da Grécia da união monetária, o risco de contágio iria pairar sobre França e Alemanha, já para não falar dos países periféricos, como Portugal e Espanha. "Se por um lado é provável que o banco central tome medidas de estabilização num cenário de contágio, com a elevada correlação entre os índices da zona euro, acreditamos que haveria um aumento do risco de contaminação depois de a Grécia sair da zona euro", indica a especialista do banco francês.
As estimativas para os lucros das empresas da zona euro também não são nada animadoras. De acordo com o Societe Generale, os resultados empresariais podem cair entre 20 a 30% num cenário de abandono de Atenas do euro, devido à quebra no consumo e aos apertos da política orçamental nos outros países do grupo. Já os juros das obrigações poderão subir entre 100 a 200 pontos base. Actualmente, o juro das obrigações espanholas a 10 anos já está perto dos 6,5%, um nível considerado insustentável, enquanto a 'yield' portuguesa com a mesma maturidade, por exemplo, está em 12,17%.
Na bolsa, as farmacêuticas e as empresas relacionadas com produtos alimentares e tabaco seriam os títulos que melhor iriam reagir num cenário de contágio. Panseri nota que são títulos que têm tido comportamentos defensivos em momentos recentes de maior tensão no âmbito da crise de divida europeia, como entre Junho e Setembro de 2011, depois de a Moody's ter colocado o ‘rating' de Itália em revisão para um possível ‘downgrade'. Igualmente atractivas seriam as empresas com uma capitalização bolsista superior a 5 mil milhões de euros, balanços fortes e elevada exposição a mercados emergentes.
Do lado contrário estão as acções dos bancos. "Os títulos financeiros são os mais afectados pelo agravamento do risco da dívida", argumentou. De facto, o índice da Bloomberg para a banca já acumula perdas de perto de 8% em 2012.
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