O presidente da Episcopal acredita que as medidas constantes no memorando de entendimento entre o Governo e a troika vão dar estabilidade à economia. Carlos Azevedo apela ainda à Europa que resista à "mafiosa especulação financeira defensora do dólar".
"Vão beneficiar, certamente, a estabilidade e a sustentabilidade da economia e, depois, compete a quem reparte os bens, que os reparta com justiça", declarou hoje Carlos Azevedo em Fátima, à margem da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa.
O bispo auxiliar de Lisboa disse contar que as reformas que se seguem "sejam aplicadas com justiça, isto é, atendendo àqueles que mais precisam e aos que estão mais necessitados neste momento".
Carlos Azevedo defendeu que "Portugal deve congregar-se na execução" destas medidas que o país devia "ter tomado por iniciativa própria" e "avançar com profundas reformas que "não visem apenas colmatar as lacunas estruturais bem identificadas, mas antever o futuro e exigir já e antecipadamente aquilo que se vislumbra".
"Não é só Portugal que precisa de se unir", acrescentou o prelado, que deixou um aviso: "A Europa ou se une para uma prova da sua resistência à mafiosa especulação financeira defensora do dólar ou a Europa está também a pôr-se em risco e está também a pôr em risco Portugal".
O presidente da comissão episcopal acrescentou: "Podíamos dizer mais, que a ONU ou reencontra o seu papel para se refazer como actor político acima dos interesses ou, também, o mundo andará muito mal nos próximos tempos".
Carlos Azevedo reconheceu que "Portugal, com certeza, que tem as suas próprias mazelas e precisa de as corrigir", considerando que a situação do país "se insere num olhar mais vasto sobre a Europa e sobre o mundo".
No memorando, o bispo auxiliar de Lisboa destaca "a contenção das grandes Obras Públicas, dos grandes projectos, a suspensão das parcerias público-privadas, a avaliação de tempos marcados para fazer as coisas com meses indicados, proximamente, a recapitalização da banca", elementos que, admitiu, "podem ajudar a dar sustentabilidade" à economia nacional.
O prelado expressou, contudo, preocupação com a "redução de algumas dimensões sociais", como o subsídio de desemprego e o tempo da sua concessão, e a contenção do aumento do salário mínimo, mas elogiou, por exemplo, o aumento dos impostos para a aquisição de tabaco ou de veículos, assim como a reforma da Administração Pública.
O primeiro-ministro, José Sócrates, anunciou na terça-feira à noite, numa comunicação ao país, que o Governo conseguiu um "bom acordo" com a 'troika' internacional com vista à ajuda financeira a Portugal.
O empréstimo será de 78 mil milhões de euros durante três anos e inclui a recapitalização da banca, caso seja necessária. A 'troika' é constituída por representantes do Banco Central Europeu, Comissão Europeia e Fundo Monetário Internacional (FMI).
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