Louçã culpa bancos nacionais pela subida dos juros da dívida portuguesa
O líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, acusou hoje os bancos nacionais de serem os responsáveis pela subida dos juros da dívida pública e de especularem contra o próprio Estado.
"A subida dos juros da dívida pública portuguesa é pressionada pelos bancos portugueses, que com isso conseguem uma vantagem cada vez maior", afirmou à Lusa Francisco Louçã, que se deslocou ao Porto para um comício do Bloco de Esquerda, agendado para as 21:30, no Cinema Batalha.
Para o líder bloquista, "o problema é que em Portugal os maiores compradores de títulos da dívida portuguesa são bancos nacionais", assegurando que "houve uma emissão, há pouco tempo, de 750 milhões de euros que foi totalmente comprada por bancos portugueses".
"O Estado nunca nos diz exactamente quem são os compradores em cada uma delas, há um sigilo sobre isso, mas tenho a certeza que os grandes portugueses estão a ser dos maiores compradores da dívida pública", sublinhou.
Acrescentou que são os responsáveis dos principais bancos, como "Ricardo Salgado, Carlos Santos Ferreira e Fernando Ulrich", quem pede "empréstimos de curto prazo ao BCE [Banco Central Europeu], a um por cento" e depois reciclam "esse dinheiro comprando títulos do seu próprio país a quase sete por cento".
Louçã acusa, assim, os bancos nacionais de se financiarem "com o diferencial que neste momento é de quase seis por cento por cada tranche de empréstimo que vai surgindo".
"Estamos a dar-lhes condições para poderem pedir ao BCE um financiamento que o Estado português não pode ter, mas eles podem e têm, e com esse dinheiro especulam contra o seu próprio país", sustentou.
O deputado lembrou ainda que "ao mesmo tempo são os bancos que não aceitam pagar o imposto legal" mas que "têm o apoio do Estado para poder recorrer a empréstimos que usam para especular contra o próprio Estado".
"Estamos a alimentar uma bolha especulativa gigantesca que destrói a economia nacional e a capacidade do Estado de agir", realçou.
Francisco Louçã criticou ainda que o Governo português e a União Europeia aceitem que "os títulos da dívida pública dos Estados europeus sejam avaliados por agências privadas", situação que considera "completamente absurda" e "sem sentido".
"Não tem nenhum sentido que a credibilidade de um Estado seja avaliada por uma empresa privada que faz parte do jogo de mercado e que corresponde a interesses próprios de mercado. Quanto mais atacada for a economia portuguesa, maior é a parte dos impostos que vai para juros maiores", referiu.
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