O ex-ministro das Finanças Luís Campos e Cunha propôs hoje que o salário dos políticos seja a média das declarações de IRS dos últimos três anos acrescida de uma percentagem de dez a 25%.
Numa intervenção nas jornadas parlamentares do PSD, que decorrem no Parlamento, entre hoje e terça feira, Campos e Cunha propôs também que as direcções dos partidos pudessem escolher dois dos seus deputados, para estarem sempre representadas no Parlamento, independentemente do momento em que fossem eleitas internamente.
Num painel em que também foi orador o economista e conselheiro de Estado Vítor Bento, Campos e Cunha propôs ainda que o voto em branco condicionasse o número de deputados eleitos e que as contas dos partidos e os apoios às empresas fossem públicos.
Quanto à "remuneração da função política", o economista, que foi ministro das Finanças do primeiro Governo do PS chefiado José Sócrates, considerou que "não há nada mais caro do que pagar pouco".
"Podia ser perfeitamente a média de IRS declarada nos últimos três anos, mais 25% em cima, ou 10%, ou 15%, o que fosse", sugeriu, em seguida.
"Isso significaria que quem não declarava IRS não ia para a política, o que era bom. Segundo, ninguém deixaria de ir para a política por razões financeiras. Portanto, ninguém, ia para a política por razões económicas, porque não é por ganhar mais qualquer coisa do que na média dos últimos três anos que as pessoas mudam de emprego, mas também ninguém deixaria de servir o país por razões económicas e todos nós conhecemos vários exemplos em que isso aconteceu", argumentou o economista.
Quanto ao sistema político, Campos e Cunha defendeu que "os partidos deviam ter a possibilidade, dado que são eles que estão representados, de dois dos seus deputados serem escolha da direcção".
"Os últimos a serem eleitos podiam ser escolha da direcção", disse, suscitando um burburinho no auditório sala onde decorriam as jornadas do PSD.
"Porquê? Porque, por exemplo, a direcção do PSD mudou e não está representada no Parlamento e, portanto, não pode confrontar o primeiro ministro cada vez que ele vai ao Parlamento. E é importante que o líder do partido da oposição seja também quem esteja no Parlamento. Portanto, acho que devia haver essa possibilidade. Melhorava a possibilidade da nossa democracia", acrescentou.
Segundo Campos e Cunha, estas "são medidas difíceis" e "o ambiente de alguma demagogia e o ambiente não são propícios, mas elas poderiam ser tomadas hoje para vigorar daqui a dez anos" e assim "ninguém poderia ser acusado hoje de estar a legislar em seu favor".
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