O Ministério da Educação e as duas maiores estruturas sindicais, Fenprof e FNE, chegaram a acordo sobre a revisão do Estatuto da Carreira Docente e da avaliação dos professores.
Numa ronda por algumas escolas do país hoje, sexta-feira, de manhã, muitos professores escusaram-se a fazer comentários por desconhecerem os termos do acordo, mas os que se pronunciaram dividiram-se entre o alívio e a frustração.
Francisco Sobral Henriques e Maria do Rosário Gama, respectivamente directores da Secundária Quinta das Flores e da Secundária D. Maria, ambas de Coimbra, classificaram o acordo de positivo, pela retoma da tranquilidade nas escolas.
"O mais importante é a pacificação", disse a directora da D.Maria, que foi uma das líderes da oposição ao modelo de avaliação anterior, acrescentando que concorda, tal como o seu colega da Quinta das Flores, que um professor classificado com Bom tenha acesso ao topo da carreira.
Para Maria do Rosário Gama, "um professor que é bom deve aceder. O que é preciso é que a avaliação seja correcta e que distinga aquele que é bom daquele que não é".
"Se a avaliação fosse rigorosa não havia necessidade de quotas", sublinhou, garantindo que no estabelecimento que dirige não há nenhum professor que mereça ser classificado de Excelente, apesar de "ser uma escola muito boa".
Para Francisco Henriques, também ele opositor ao modelo proposto pela anterior ministra da Educação, o acordo "é uma solução equilibrada". "Sindicatos e Ministério estão de parabéns. É um passo muito importante que deveria ter sido dado há mais tempo", conclui.
Maria Margarida Lucena, directora do Agrupamento de Escolas Anselmo de Andrade, em Almada, afirmou que "o que se sente na sala de professores é satisfação por finalmente existir diálogo e ter sido possível um acordo".
"O acordo conseguido não é o ideal, mas o possível", disse, acrescentando: "Vai permitir pacificar o ambiente nas escolas e criar a possibilidade de desenvolver trabalho sério e construtivo".
Também Luísa Beato, a directora da Escola Secundária de Emídio Navarro, no mesmo concelho, acredita que este acordo é um "elemento estabilizador da vida das escolas".
Mas nem todos os docentes se manifestaram satisfeitos. Correia Gomes, professor na Escola Camilo Castelo Branco, em Vila Real, afirmou que o acordo "não é bom para a classe docente" e, por isso, o sentimento dominante é de "frustração".
"Não fiquei nada contente. Dá-me a sensação que os sindicatos, como é o costume, acabaram por se vender ao Ministério da Educação", afirmou.
Professor há 28 anos, Correia Gomes diz que "os professores querem ser avaliados em salas de aulas, uma avaliação que não pode ser feita de forma correcta apenas de dois em dois anos, como ficou estipulado".
Quanto à carreira docente, o professor refere que as duas transições agora implementadas vão originar "uma guerra" dentro das escolas "pela atribuição das quotas".
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