Ontem, foi noticiada mais uma morte de um feto, a terceira desde sábado, desta vez em Leiria. A EMEA já está a investigar estes casos.
Há um novo caso de uma mulher que perdeu o bebé e já tinha sido vacinada contra a gripe A. A jovem de 27 anos estava grávida de 20 semanas e recebeu a vacina no início do mês. Ontem, deu entrada no Hospital de Santo André, em Leiria, onde foi confirmada a morte do feto. Até ontem, os dois casos conhecidos de morte fetal depois das mães terem sido vacinadas contra a gripe A eram os únicos registados a nível europeu de que a Agência Europeia do Medicamento (EMEA) tinha conhecimento.
Esta entidade, responsável pela aprovação das vacinas usadas na Europa, diz que está já a analisar a situação. "Só temos conhecimento dos dois casos em Portugal e a informação que temos já está a ser estudada. São necessários mais testes, que as autoridades nacionais estão a fazer", adiantou ao DN Monika Benstetter, do gabinete de imprensa da EMEA. Esta responsável acrescenta ainda que "é sempre muito difícil estabelecer a causa da morte" nestes casos. A EMEA é notificada sempre que existam situações de possíveis reacções adversas à vacina, mesmo que não se venham a comprovar.
O novo caso noticiado ontem pelo próprio Hospital tem, no entanto, contornos diferentes: a mulher estava grávida de 20 semanas e já tinha sido vacinada há 16 dias, a 2 de Novembro. Depois disso já fora a uma consulta, na segunda-feira, com o obstetra que a seguia e que lhe garantiu que estava tudo bem. Foi à unidade de manhã e confirmou-se a morte do bebé, tendo ficado internada para receber tratamento. O feto será autopsiado.
Fonte do Ministério da Saúde confirma que os outros dois casos já foram objecto de reuniões na EMEA. A tutela diz, porém, que só prestará esclarecimentos sobre a segunda morte de um feto no País depois da "realização dos exames que estão a decorrer" .
Segundo o Hospital Cuf Descobertas, onde foi feito o parto do feto morto, estes testes para determinar as causas da morte só deverão ser conhecidos "dentro de dias".
A directora do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Cuf Descobertas, Conceição Telhado, lembra que mesmo os resultados da autópsia podem não ser conclusivos. A morte do feto poderá ser "uma causalidade pura e simples", sem qualquer ligação entre a vacinação contra o vírus H1N1 e a morte do feto.
Já em relação à grávida de Portalegre, que perdeu a filha as 34 semanas, três dias depois de ter sido vacinada, o Ministério da Saúde garante que está completamente afastada a hipótese de ter sido causada pela vacina.
Manuel Hermida, director do serviço de obstetrícia do Garcia de Orta, diz que também não tem conhecimento de mais nenhum caso no mundo, mesmo nos países que usam a mesma vacina que Portugal, como Alemanha, Suécia, Irlanda e Reino Unido. Mas compreende a apreensão das grávidas perante estas notícias. "Se dissermos que uma grávida perdeu o bebé depois de ter sido vacinada parece que há uma relação causa/efeito. E tanto quanto sabemos não há". O médico aproveita e dá um exemplo: "Se as duas grávidas tivessem bebido café naquele dia não diríamos que dois fetos morreram após as grávidas terem tomado café".
Por isso, garante que "à luz daquilo que sabemos hoje não podemos estabelecer qualquer ligação entre a vacina e morte dos fetos".
Ontem, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Manuel Pizarro, insistiu na tese da coincidência: "O facto de a grande maioria das mulheres grávidas se estar a vacinar explica que essas mortes, que são habituais, possam ocorrer em fetos de mulheres que se vacinaram". O governante aproveitou ainda para deixar um alerta às grávidas: os riscos de não tomar a vacina são maiores.
O presidente da Sociedade de Obstetrícia, Luís Graça, também mantém a confiança na vacina e promete que "se houver uma suspeita forte" será o primeiro a levantar o problema.
Visite a fonte da informação aqui