José Policarpo terá sido advertido por considerar que «não há nenhum obstáculo» à ordenação de mulheres.

A fundadora do movimento Nós Somos Igreja considera que o Vaticano está a fazer «uma birra» ao interpelar o cardeal patriarca de Lisboa, José Policarpo, pelas suas declarações sobre a ordenação de mulheres.

Em declarações à Lusa, Maria João Sande Lemos declarou que para si é «inqualificável» que o cardeal tenha sido chamado ao Vaticano por ter afirmado que não há obstáculos teológicos à ordenação de mulheres, como noticiou esta segunda-feira o jornal «Público».

«Se há uma pessoa que conhece a Igreja, que é bom teólogo, disciplinado e um homem de fé, é D. José Policarpo. Quando ele diz que teologicamente não há nenhum impedimento à ordenação de mulheres, está dito», frisou.

Maria João Sande Lemos argumentou que, «nos primeiros tempos do Cristianismo, as comunidades cristãs baseavam-se na casa das pessoas e as mulheres eram as líderes da comunidade».

Segundo o «Público», José Policarpo terá sido chamado a uma audiência com o secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, e sujeito a uma «advertência» sobre as suas declarações.

O cardeal patriarca de Lisboa disse, numa entrevista à revista da Ordem dos Advogados, que «não há nenhum obstáculo fundamental» a que as mulheres possam seguir o sacerdócio, considerando que «é uma igualdade fundamental de todos os membros da Igreja».

Maria João Sande Lemos mostrou-se convicta de que «é irreversível» o caminho da ordenação das mulheres na Igreja Católica, afirmando que outras confissões, como a Protestante, já perceberam que não podem «excluir metade da Humanidade».

A Lusa tentou contactar o Patriarcado, mas sem sucesso.

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