Strauss-Kahn nega acusações. FMI pode dispensá-lo
Strauss-Kahn, que foi detido a bordo de um avião a caminho de Paris, será hoje presente a tribunal. Um dos seus advogados indica que o arguido vai declarar-se inocente perante o juiz.
No entanto, esta detenção coloca numa situação “muito delicada” o FMI, que o pode dispensar por “violação grave” do código de conduta. Segundo a France Presse, o FMI já lhe havia perdoado uma relação com uma subordinada mas a instituição impõe um código de conduta aos funcionários internacionais que lhes pede não só para respeitar as leis, mas também para “seguir as normas mais elevadas de comportamento ético, conforme os valores de integridade, imparcialidade e discrição”.
Os factos pelos quais é acusado, uma agressão sexual, são potencialmente uma razão para o FMI o demitir de funções, que deveriam prolongar-se até ao final de 2012.
A curto prazo, o FMI não é obrigado a tomar uma decisão e pode funcionar sem o director-geral. O primeiro director-geral adjunto, o norte-americano John Lipsky, pode assumir o comando da organização.
O FMI já teve de gerir uma outra situação difícil com Strauss-Kahn. Em Janeiro de 2008, o director-geral havia mantido uma relação com uma subordinada, uma economista húngara, Piroska Nagy, em Davos, na Suíça.
Depois de uma investigação de um escritório de advogados de Washington, que concluiu que a relação tinha sido consentida, o conselho de administração do FMI manteve DSK em funções, mas acusou-o de “grave erro de julgamento”.
Governo francês pede "prudência" e respeito pela "presunção de inocência"
O porta-voz do Governo francês, François Baroin, pediu hoje “prudência” e respeito pela “presunção de inocência” depois de o director-geral do Fundo Monetário Internacional ter sido acusado de agressão sexual e tentativa de violação nos Estados Unidos.
"O Governo francês respeita dois princípios simples: o de um processo judicial em curso sob autoridade da justiça norte-americana, segundo as modalidades do direito norte-americano e o respeito da presunção de inocência”, declarou Baroin, que também é ministro do Orçamento, à cadeia France 2.
François Baroin, primeiro membro do Governo francês a reagir à tempestade da acusação de Strauss-Kahn (conhecido como DSK), precisou que Paris “não irá mais longe em comentários sobre este caso” a curto prazo.
Europa acompanha detenção de número um do FMI
O Fundo Monetário Internacional (FMI) está a trabalhar na ajuda financeira a vários Estados-membros em parceria com o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia. Para amanhã, está agendada a reunião dos ministros da Zona Euro, em Bruxelas, para aprovar o plano de resgate a Portugal, um encontro onde deveria estar também o director -geral do FMI.
Para hoje, Dominique Strauss-Kahn já tinha agendada uma reunião com a Chanceler Angela Merkel, mas o encontro já foi adiado. Em cima da mesa estaria a revisão da ajuda à Grécia.
O Governo de Atenas refere que a prisão do responsável máximo do Fundo Monetário Internacional possa adiar o processo, mas de acordo com um governante citado pela agência Reuters, não irá prejudicar a avaliação de uma nova ajuda àquele país.
Socialistas franceses chocados com notícia
A líder do Partido Socialista francês, Martine Aubry, mostrou-se hoje "estupefacta" com a acusação do director do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, comparando-a a "uma trovoada", noticia a agência France Press.
Apelando a todos para que “aguardem a realidade dos factos e respeitem a presunção de inocência”, Martine Aubry pediu ainda a todos os socialistas que “permaneçam unidos e responsáveis”.
Direita francesa diz que é o fim de Strauss-Kahn
Em França, onde Dominique Strauss-Kahn era visto como o candidato socialista às próximas presidenciais, a notícia da sua detenção caiu como uma bomba. A direita francesa diz que a carreira política do actual director do FMI está acabada.